A moda segue hoje por dois caminhos opostos; o primeiro, marcado pelo consumo rápido e barato das fast fashions e o segundo, mais lento e consciente do movimento slow fashion
por Marina Seif
Venus of the Rags – Michelangelo Pistoletto
O consumo em fast fashion vem atender a uma demanda do mercado que está sempre ávida por novidades, mais preocupada em comprar em quantidade do que comprar bem. Por esta lógica de consumo, o preço baixo das peças tem aqui um valor importante, mesmo que para isso, a qualidade seja sacrificada, afinal, de nada adianta ter uma peça duradoura, se em pouco tempo ela será mesmo substituída. Estima-se que uma peça adquirida neste tipo de loja seja descartada entre seis meses e no máximo, um ano.
E a economia não para por aí. Para conseguir preços cada vez mais competitivos, é necessário também valer-se de mão-de-obra ágil e barata e para isso, nos deparamos com denúncias de fábricas com regime de trabalhos análogos ao escravo. E se antes essa era uma realidade distante, de países como Índia e China, temos visto cada vez mais denúncias de más condições de trabalho aqui mesmo no Brasil, bem debaixo do nosso nariz. Se você ainda não viu, uma busca rápida na internet pode comprovar isto.
Em resposta a esse consumo rápido e pouco sustentável, surgiu o movimento chamado slow fashion, que tem como proposta produzir e consumir moda de uma forma mais consciente e sustentável. Inspirado no conceito do slow food, o termo slow fashion foi criado pela designer e professora inglesa Kate Fletcher em 2008, como uma forma de promover uma conscientização sobre como estamos consumindo moda.
O objetivo do movimento é promover um consumo de moda onde o meio ambiente e o ser humano envolvido neste processo sejam respeitados e valorizados. Que se preocupa tanto com os impactos ambientais provocados pela indústria da moda, como com os impactos sociais. Uma das características do slow fashion é a valorização dos produtos e da mão de obra local. Além de ser uma forma de impulsionar a economia do lugar, isso reduz o número de atravessadores envolvidos na compra e permite que se conheça melhor a origem daquela peça, gerando assim uma relação mais transparente entre o consumidor e o produtor.