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Entrevista com Felipe Fanaia

Em entrevista ao CartolaMAG.com, o designer fala sobre amadurecimento, inspirações e o atual cenário econômico brasileiro

Natural do estado de Cuiabá, o designer Felipe Fanaia tem feito de seus pouco mais de 10000 mil dias na Terra uma experiência peculiar para a moda brasileira. Desde que entrou para a line up oficial da Casa de Criadores, em 2014, Fanaia tem nos apresentado desfiles cativantes. Nesses dois anos, é notável sua evolução.
Sua última coleção, apresentada em abril deste ano na Casa de Criadores, é recheada de elementos clubber. Com uma paleta de cores que varia entre o branco, vermelho, azul, metalizado e o preto, trilha sonora “Careless Whisper”, de George Michael e roupas mais retas e minimalistas, Fanaia se inspira nas favelas paulistanas do final dos anos 90 e nos clubbers dessas comunidades.
 
CartolaMAG – Há dois anos você havia acabado de assumir um posto oficial na Casa de Criadores edição outono-inverno 2014 e já demonstrava ser um dos nomes mais esperados das futuras temporadas. Bom, o tempo passou, O que mudou?
Felipe Fanaia – Acho que tudo muda muito com o tempo. Falando em relação ao meu trabalho, acho que eu amadureci muito com o passar do tempo, o trabalho amadurece. Acho que as minhas prioridades mudaram um pouco. Hoje tenho um compromisso maior com vendas e etc. Então tenho tentado mesclar um pouco o comercial no desfile! Mas acho que foi a principal mudança no meu processo criativo! 
 
Felipe Fanaia Verão 2017 / Fotos: Agência Fotosite
CartolaMAG – Memes, séries, músicas, filmes e outros elementos de artes visuais estão presentes no universo Felipe Fanaia. Estar antenado e expressá-los de um jeito próprio na indumentária, além de moda, soa como arte. O que significa fazer moda para você e como isso reflete na sua vida pessoal?
Fanaia – Acho que tudo ao seu entorno serve como inspiração, as pessoas na rua, músicas, séries, filmes. Tudo me inspira de muitas maneiras. Eu amo o que eu faço, por isso não ligo de trabalhar 24 horas por dia, 7 dias por semana. E amo fazer desfile, é sempre a hora de sair da casinha e fazer “arte”. Quase não separo minha vida pessoal do trabalho. Estou trabalhando constantemente, mesmo quando estou em casa sem fazer nada, a cabeça nunca desliga! Hahaha! 
 

 

CartolaMAG  A respeito da comercialização das roupas, a abordagem de temas e elementos em voga nas coleções facilita na hora da venda? Digo, não é o mesmo que produzir e vender algo inspirado em uma sociedade ou século distante, por exemplo.
Fanaia – Eu não faço questão de interligar a coleção de passarela com o comercial, às vezes alguma coisa vira estampa, ou shape, mas não é uma regra. Na loja nós fazemos quase tudo exclusivo, por esse fato nem trabalhamos com coleção, nós seguimos fazendo roupa todos os dias. Chegam coleções a cada semana. Por esse motivo não me importo muito em trazer o tema do desfile para dentro da loja. 
Se as vendas não estão como queremos, nós buscamos soluções ao invés de lamentar!”
CartolaMAG – Em tempos de instabilidade política e crise econômica, o setor têxtil é um dos mais afetados. É preciso jogo de cintura para sustentar uma marca, afinal, além de brilhar, a moda deve vender. Como estilista e varejista, Quais suas esperanças para o mercado da moda brasileira?
Fanaia – Acho que de certa forma sou muito privilegiado em relação ao lance comercial, não sentimos tanto a questão da crise, tanto é que acabamos de abrir outra loja. Acho que dentro de uma situação que não seja tão favorável, você precisa usar a cabeça e a criatividade para não se deixar afetar, achar uma solução para o seu problema. Não adianta só ficar lamentando, e é isso que fazemos constantemente aqui na Das Haus. Se as vendas não estão como queremos, nós buscamos soluções ao invés de lamentar!
 
Backstage – FF Verão 2017 / Foto: Arthur Zambone
CartolaMAG – E por fim, Qual conselho você daria a si mesmo quando começou? 
Fanaia – Acho que o maio conselho que poderia me dar é pensar e fazer as coisas com mais antecedência. Hoje vivo numa rotina de trabalho frenética, que muitas vezes não me possibilita fazer as coisas organizadamente ou antecipadamente. Mas um dia pretendo chegar lá! Hahaha.
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