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Permita-se mudar: Uma entrevista com SILVA

Em entrevista ao CartolaMAG.com, o músico SILVA fala sobre seu novo álbum, seu processo criativo e volta no tempo ao lembrar-se de seu inicio de carreira

Estranho… No apogeu da era da informação e da liberdade de expressão, poucos falam sobre o amor de uma maneira tão poética e livre de modelos prontos. A definição é simples: forte afeição por alguém nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais.Diante disso, ultimamente um nome que tem ganhado destaque no cenário musical brasileiro é SILVA, que apesar da simplicidade carregada em seu nome artístico, basta ouvir suas músicas para perceber características peculiares em seu romantismo, revelando a complexidade de seu trabalho.
 
Silva fotografado por Jorge Bispo 
Natural de Vitória, Espirito Santo; o músico de 27 anos conta que apesar de estar envolvido com música desde muito cedo, não esperava a dimensão que seu trabalho ganharia. Porém, seu primeiro disco, Claridão, lançado em 2012 já dava sinais do seu futuro como artista. Hoje, já em seu terceiro disco, intitulado de Júpiter, SILVA conversa conosco sobre ele e suas visões a respeito de questões da atualidade.
CartolaMAG A maneira com que você lida com o amor nas suas músicas é bem interessante. Ouvindo-as novamente tive a impressão de que o amor é mais possível em “Júpiter”. Esse álbum seria como uma resposta ao que impede o amor?
SILVA Eu diria que sim! Falar de amor é algo que nunca vai ficar ultrapassado e acredito que estou numa boa fase pra cantar sobre isso. Nos meus dois primeiros discos eu falei de amor também, mas de uma maneira mais etérea e até lisérgica em alguns momentos. Em “Júpiter” eu quis ser mais direto e na pele. 
CartolaMAG A internet contribui bastante para o sucesso de novos artistas. Fazendo-o ganhar notabilidade da “noite para o dia”. Com você não foi diferente, mas… Houve algum momento em que teve medo da dimensão que seu trabalho ganharia?
SILVA Essa questão da “noite para o dia” é um pouco assustadora mesmo! Eu comecei a aprender música quase na mesma época em que aprendi a falar e nunca me imaginei fazendo outra coisa, porém quando tomei coragem de lançar minhas musicas na internet eu não esperava uma recepção tão boa. Isso com certeza me trouxe alguns medos, medo da exposição e de talvez ser incomodado. Esse é um trabalho desafiador sempre, mas acho que a graça está justamente nesse frio na barriga que aparece de vez em quando.
 
Marlene Bergamo/Folhapress
CartolaMAG  Em entrevista, você falou que gosta de dividir o palco com amigos. Você acha que o contato apenas profissional dificulta o desenvolvimento artístico do projeto?
SILVA Acho sim. Eu toquei em orquestra por muitos anos e lembro que os maestros que mais sabiam tirar um bom som do grupo eram os que sabiam se comunicar melhor, os que transmitiam afeto e te faziam acreditar na música que a gente tocava. Não estou romantizando a experiência, só acho que um ambiente de colaboração e de troca é diferente de um ambiente apenas profissional. Precisa de um calor humano pra ficar bom!

É muito importante se permitir mudar.”

 
CartolaMAG – Artistas, às vezes, costumam falar sobre sua possibilidade de criar novas identidades e/ou expressá-las através de sua arte. Nesses 4 anos, sua vida tem sido refletida pouco a pouco nos seus álbuns… 
SILVA – É muito importante se permitir mudar. Acho que isso faz parte do nosso processo de evolução. Eu mesmo tento fugir do tédio de todas as formas e isso acontece quando eu me vejo repetindo as mesmas fórmulas, os mesmos acordes ou melodias. Eu gosto muito de ouvir, não sou muito de falar e acredito que isso me faz aprender coisas novas com uma certa facilidade. Isso acaba mudando quem eu sou e consequentemente a música que eu faço.
CartolaMAG Há algum tema fixo no qual, entre suas inspirações para compor, você sempre pensa nele?

SILVA O mar pra mim é algo difícil de fugir! Talvez por causa do lugar onde eu moro. Vitória é cercada de mar e isso é algo que me inspira muito.


+ Ouça ‘Júpiter’


CartolaMAG  Diante de guerras, preconceito e intolerância no mundo, a arte surge como uma fuga da realidade. Como isso te influencia? E quais são suas esperanças para o futuro?
SILVA Acredito que a arte nem sempre nos faz fugir da realidade, às vezes ela nos dá uns bons tapas na cara. Eu acho importante que a gente tenha todos esses estímulos. Tem momentos em que uma boa experiência estética é super importante e tem horas que você só quer dizer coisas que transmitam sua visão de mundo de forma direta. Acho que estamos evoluindo em várias questões, tem muita coisa sendo discutida e acredito que isso vai nos trazer boas mudanças, mesmo que a longo prazo.
“Não tem nada mais bonito nessa vida que um artista honesto consigo mesmo.”

CartolaMAG
 Qual sua dica para quem quer seguir na carreira musical?
SILVA Fazer música pode ser tão chato como um trabalho burocrático se você não lutar pelo que você ama tocar e cantar. Acho que o importante é acreditar na música que você faz e nunca abrir mão disso. É aí que as pessoas vão reconhecer sua sinceridade e acho que não tem nada mais bonito nessa vida que um artista honesto consigo mesmo.
CartolaMAG – E por fim, Quem é SILVA?
SILVAUm músico que ama o que faz e não consegue se imaginar fazendo outra coisa na vida.
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