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Transmutar é o verbo: uma entrevista com Jaloo

Em entrevista concedida ao CartolaMAG.com durante sua passagem no Festival MADA 2016, Jaloo fala sobre seu início de carreira e internet

Produzir, consumir, entreter, informar. Esses e outros verbos compõem as características de um dos aparatos tecnológicos da atualidade: a internet. Viajar nessa rede é estar suscetível não só a um universo de informações, mas deter o poder de escolha sobre o que se quer produzir e consumir. É nesse cenário que se desenvolve uma nova cena musical brasileira. Artistas, embora de diferentes ritmos, conectados entre si através da utilização da internet como principal forma de propagação do trabalho, como o caso do cantor e produtor paraense Jaloo.

 

Natural de Castanhal, interior do Pará, Jaloo vem se consolidando no cenário musical de forma peculiar, recebendo inclusive elogios da cantora canadense Grimes. Seu album “#1” é carregado de canções eloquentes e estética mutante forte, trazendo ao público a autenticidade de um novo artista da música brasileira através da mistura de várias referências musicais e visuais. O sucesso sendo alcançado é atribuído, principalmente, a difusão de seu trabalho na internet. A qual, com toda a sua diversidade e complexidade, abriu novas oportunidades e o possibilitou ter um contato direto e rápido com seu público desde o início de sua carreira. Sobre isso, ele é sincero ao declarar que seu objetivo não era ser artista ou famoso. “Quando começou a acontecer fiquei sem saber como lidar”, comenta.

Jaloo, por Filipe Marcus. Ilustração exclusiva para CartolaMAG.com

Resultado de bastante trabalho, o caminho sendo trilhado pelo paraense é firmado na criação de um ser híbrido e mutante, o que se torna notório ao se analisar as imagens feitas pelo fotógrafo Junior Franch, por exemplo. Tendo-se um olhar atento a qualquer fotografia ou clipe do primeiro álbum, percebe-se que não dá para definir. A mistura de diversos elementos na construção estética do artista, como as referências a Björk, FKA Twigs e Grimes, dialoga com a combinação de arranjos pop, sintetizadores e tecnobrega. Híbrido visualmente e musicalmente, Jaloo carrega a ideia de um ser mutável viajando em um universo de referências.

Foto: Junior Franch

Nesse contexto, o corpo surge como principal suporte para apresentação visual de seu trabalho, seja nas performances no palco ou nos clipes como “Ah! Dor” e o recém lançado “Chuva“. Quando questionado sobre a relação entre sua vida pessoal e o trabalho, o cantor comenta que desde as experiências de sua infância influenciaram na criação do álbum em questão. “Eu tive uma infância bem recolhida, bem assexuada. É até uma coisa que eu trabalho bastante nesse disco, a personalidade foge do sexual. Mesmo usando pouca roupa, tem essa pureza em volta, essa magia.”, afirma.

Ainda sobre sua vida pessoal, prefere que seu trabalho esteja sempre à frente da mesma. Compreensível: na era dos excessos e da indústria da fama, torna-se cansativa a exploração da opinião ou vida pessoal de artistas através de pautas repetidas à exaustão, deixando o real trabalho, muitas vezes, em segundo plano. A linguagem transmitida por Jaloo é livre e bastante aberta a reinvenção. Nesse sentido, limitar-se a pautas, ritmos ou movimentos se torna algo obsoleto.
Durante o Festival MADA 2016 a presença de palco e interação com o público (não só durante o show) foi um dos pontos fortes de sua passagem pelo evento, deixando todos com um sentimento de “quero mais”. Jaloo agora parte para São Paulo, onde já está produzindo seu novo álbum. Desde já, estamos ansiosos e na espera do que vem por aí.
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