Com mais de 20 anos de carreira, o fotógrafo de moda pernambucano Renato Filho nos concede uma entrevista e fala um pouco sobre seu ofício, seu processo criativo e seus memoráveis “Calendários de uma década”
Renato Filho – Meu primeiro contato com a fotografia e com a moda aconteceu através de um convite feito por Flôr Andrade uma amiga/modelo para fotografa-la em um desfile, a paixão foi imediata! Eu sempre falo que a fotografia me escolheu, eu queria ser cineasta o cinema é um grande amor na minha vida, mas a fotografia se tornou a minha palavra. Adoro contar estórias, criar seres para falar de lugares que só existem na minha cabeça. Eu costumo dizer que sou fotógrafo de moda quando estou fotografando moda, mas antes de tudo sou fotógrafo.
RF – Meu processo criativo acontece de várias formas, na insônia anotando idéias no caderno de cabeceira, influenciado por um filme, um clip, por uma música. Os meus sentimentos, o meu cotidiano também fazem parte desse processo criativo e tudo isso tem um único caminho, desejo e significado, o registro da figura humana.
RF – Muito pouco, o trabalho do fotógrafo na publicidade é realizar a ideia do outro, tem um layout a ser obedecido com conceitos e necessidades estabelecidas. Na moda temos mais liberdade de expressão e uma certa licença poética para imprimir o nosso olhar e estética. Agora, a grande oportunidade que o fotógrafo tem de mostrar a que veio é através dos projetos pessoais. São projetos que tem como finalidade a construção e entendimento do olhar do fotógrafo, da forma como ele enxerga o mundo, da liberdade de escolher estéticas que ajude a contar suas estórias.
RF – Realmente os calendários são marcantes na minha trajetória, ele nasce da minha necessidade de criar novas possibilidades estéticas, de promover um território livre para o experimento. Sem dúvidas o exercício de realizar cada calendário me ajudou a formatar a minha linguagem e meu olhar. O que esperar do próximo calendário que esta por vir é mistério até para mim.