Estreando a categoria POTY, exclusiva sobre artistas potiguares, Thiago Cóstackz fala sobre suas motivações e sua trajetória no mercado de arte
Por Arthur Anjos
Durante muito tempo a arte revelou ser uma forma de expressão e posicionamento político. Com o aumento do aquecimento global e suas consequências cada vez mais notórias, novos artistas surgem e exercem um papel expressivo e questionador na sociedade, como o potiguar Thiago Cóstackz, que usa da arte para defender temas relacionados ao meio ambiente.
Nos últimos 10 anos esteve envolvido em mais de 50 ações por diversos países como Brasil, Rússia, EUA e Inglaterra. E recentemente lançou seu primeiro documentário e livro “Caminhando Sobre a Terra – Uma viagem a 10 lugares ameaçados no Planeta”, resultado da primeira expedição artística e científica já realizada que se tem conhecimento, percorrendo mais de 62 mil quilômetros ao redor do mundo, visitando inclusive o Rio Grande do Norte.
Thiago Cóstackz – Não sei se existe uma regra universal quanto a isso, mas eu certamente nasci um. Desde muito pequeno estive envolto de manifestações artísticas, desde atividades étnicas/culturais familiares, ao ambiente escolar com a incansável rotina de desenhos e esculturas, que driblavam as aulas. Muitas vezes fazia arte com o que tinha em mãos: de livros didáticos rabiscados ao feijão no prato e a argila do rio Ceará-Mirim, cidade onde vivi os meus 14 primeiros anos. Portanto minha entrada no mundo da arte se confunde com minha chegada a esse Planeta, ou pelo menos com o começo da consciência. E sinto que ela não irá embora antes de minha partida definitiva desse mundo.
“O Sono Profundo da Sociedade de Clones”
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“A ponte entre o observador e o artista foi encurtada. O mercado e as galerias irão (e precisam) para sempre existirem, mas não podem ser os baluartes e as únicas vozes inquestionáveis que legitimam ou não artistas.”
CartolaMAG – Você trilhou um caminho de certa forma a parte do mercado tradicional de arte, Por quê?
Cóstackz – Sim, de fato. Mas não por odiar o mercado tradicional, eu mesmo estou representado hoje por várias galerias aqui em SP e em outros países. Mas é preciso observarmos que o mercado tende a ser muito fechado para novos artistas, principalmente aqueles que trabalham com propostas novas, com tecnologias novas e que as vezes são acusados de “comunicam fácil”, alguns críticos de arte tem um enorme problema com o que comunica rápido, mas devemos lembrar racionalmente que isso nem sempre é um sinal de falta de conteúdo ou de “sustância”. Eu não tenho esse medo, temo é que minha arte não se comunique, não instigue os observadores. Eu quando cheguei em SP só tive portas fechadas de galerias e eu precisava sobreviver com minha arte, então iria esperar anos para que críticos e o mercado me amassem? Não. Então aproveitei meu conhecimento em marketing e fui buscar financiamento para meu trabalho, isso permitiu que eu realizasse meus grandes projetos e mais de 50 ações nos últimos 10 anos, alguns recebendo mais de 100mil pessoas em 40 dias como foi o caso da exposição Mitos e Ícones na av. Paulista. O grande problema é que o mercado e os críticos conservadores querem ser as únicas vozes que legitimam o trabalho de artistas, costumam tratar como “medíocres” ou “falsos artistas” todo e qualquer profissional que cresça longe de seus domínios. Eu não sou o único caso no mundo. A internet abriu enormes possibilidades, trouxe uma nova e doce anarquia que permite que muitos artistas se representarem sozinhos e terem contato com grandes públicos. A ponte entre o observador e o artista foi encurtada. O mercado e as galerias irão (e precisam) para sempre existirem, mas não podem ser os baluartes e as únicas vozes inquestionáveis que legitimam ou não artistas.
Instalação: “Fechem às Torneiras” na Caatinga no nordeste brasileiro.
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Cóstackz – Não pare! Eu certamente diria: Não pare! Não pare de se reinventar, de buscar suas digitais, sua voz, sua linguagem. Que olhe ao seu redor, para a sociedade do seu tempo, não para fazer uma arte puramente regionalista, mas sim porque observar a sociedade é e sempre será um grande combustível!
+ Confira o filme completo do projeto ‘Caminhando Sobre a Terra – Uma viagem a 10 lugares ameaçados no Planeta’
CartolaMAG – O que esperar de Thiago Cóstackz esse ano?
Conheça mais do seu trabalho em seu site.
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